Freud

Freud

Sigmund Freud nasceu na Republica Checa. O pai era comerciante de lãs e Freud o mais velho de oito irmãos, todos filhos do seu segundo casamento. A mãe, 20 anos mais nova que o pai, tinha uma clara preferência por Freud, que reconhece: “Um homem que foi sem dúvida alguma o preferido de sua mãe mantém durante a vida o sentimento de um conquistador e a confiança no êxito que muitas vezes induz à concretização de sucesso”.

Revelou-se desde cedo um excelente aluno, formando-se em medicina, em 1881, e desenvolveu trabalhos experimentais em biologia e fisiologia. Paralelamente desenvolveu um interesse pelos clássicos gregos e latinos e pela literatura europeia. Esta formação teve influência na sua obra e no modo como encarava os seres humanos. Chegou a exercer a leccionar durante algum tempo a cadeira que abordava as perturbações do sistema nervoso, mas as dificuldades económicas e o facto de ser judeu levaram-no a exercer clínica privada como neurologista.

Trabalhou em Paris com o professor Jean Charcot, que recorria a hipnose para tratar a histeria. Na época dominava a convicção de que a histeria (do grego histera, que significa útero) era uma perturbação exclusivamente feminina. Esta doença manifestava-se por um conjunto de sintomas orgânicos, mas não tinham origem no sistema nervoso. São estas experiencias com Charcot que levam Freud a por a hipótese da existência do inconsciente, isto é, uma instancia do psiquismo que desconhece, mas que vai estudar mais tarde na companhia de Breuer, onde reconhecem que é no inconsciente que estão retidas as experiencias traumáticas. O carácter penoso dessas lembranças não permitia que se pudessem exprimir, manifestando-se em perturbações orgânicas.

Desta colaboração surgiu o livro “Estudos sobre Histeria”, que vai ser muito importante nas concepções de Freud. Anna O. (pseudónimo de Bertha Pappenheim) revelou que alguns sintomas de histeria podiam ser atenuados por algum tempo depois de uma hipnose em que revelava traumas contidos no inconsciente, e em que os relacionava com sintomas do presente.

Devido a desentendimentos com Breuer devido à não aceitação da hipnose como método mais eficaz e devido a não haver entendimento entre os dois sobre a origem sexual ou não da histeria, os dois separaram-se. Sozinho desenvolveu a sua própria teoria e o seu método: a psicanálise.

Com os seus estudos e ensaios de psicanálise, publicou em 1900 “A interpretação dos sonhos”, considerada por muitos a sua obra principal.

Ligado à importância que dava ao inconsciente, Freud elabora duas tópicas: a primeira relacionada com a ideia do iceberg, em que a parte visível corresponde ao consciente, e a parte não visível, mas de maior dimensão corresponde ao inconsciente. No meio, a linha que os separa constitui o pré-consciente. A partir de 1920 apresenta a segunda teoria que sobre a estruturação do psiquismo, em que este é dividido em três instancias: id, ego e superego.

Morreu em Londres em 1939, aos 83 anos, depois de um longo sofrimento provocado por um cancro mo maxilar. A casa onde viveu os últimos anos é actualmente um museu, onde se pode visitar o seu gabinete com o famoso divã, a biblioteca, a colecção de antiguidades, etc.

De entre a sua obra organizada em 24 volumes, podemos destacar “Psicopatologia da Vida Quotidiana”, “Três Ensaios sobre a Sexualidade”, “Cinco Lições Sobre a Psicanálise”, “A Minha Vida e a Psicologia” e “Totem e Tabu”.